Por Airton Silveira – Diretor de Operações da SobreMídia
Nos últimos anos, venho percebendo uma mudança importante na forma como vivemos a cidade. A atenção, antes dispersa, distribuída aparentemente ao acaso, virou um recurso disputado. E, no meio de tantos estímulos, a pergunta central da comunicação deixou de ser apenas “o que dizer”, para se tornar “como ser visto”.
É nesse contexto que o Out of Home digital ganha força renovada. Não falo apenas como profissional do setor, mas como alguém que observa o impacto das mensagens no fluxo urbano. As ruas são um dos poucos ambientes onde a comunicação acontece de forma orgânica, integrada ao movimento real das pessoas, e não ao ritmo frenético de rolagens infinitas.
Estudos recentes sobre comportamento reforçam algo que vejo na prática: formatos digitais chegam a registrar taxas de atenção próximas de 10%, enquanto formatos estáticos apresentam índices mais discretos. Dentro do digital, existe também uma gradação. Telas de grande formato costumam capturar mais atenção do que o mobiliário urbano digital, que, por sua vez, supera o desempenho do estático. Claro que cada mídia tem seu papel e reconhecer essas nuances é essencial para entender o cenário atual e o que funciona melhor para cada marca, público e região de exposição.
Fortaleza é um exemplo vivo disso. Nosso deslocamento diário é intenso, cheio de percursos que cruzam avenidas e zonas de grande circulação. A cidade inteira funciona como um grande palco coletivo. E, nesse palco, o grande formato digital se destaca por dialogar com a escala da cidade e com a velocidade das pessoas.
Outro ponto que mudou o jogo foi a chegada das métricas. O setor deixou para trás o improviso e passou a operar com dados reais de fluxo, recorrência e visibilidade, aproximando o OOH digital de um ecossistema mais inteligente e mensurável, alinhado ao que o mercado exige.
No fim, tudo se resume às pessoas. À forma como nos movemos, ao que nos chama atenção no caminho, ao que permanece na memória. A comunicação precisa acompanhar esse ritmo; com propósito, clareza e respeito ao olhar de quem vive a cidade.
Porque a atenção continua lá fora. E ela pertence a quem sabe entendê-la.